quinta-feira, dezembro 18, 2003

O espírito

Há anos que não preparava um Natal como o deste ano. Não que alguma vez me tenha esquecido de preparar e escolher o que queria dar às pessoas que me importam, nem de enviar votos de boas festas a toda a gente simpática que de mim se lembra durante o ano. Tenho até muito gosto nesta quadra, em que dar significa o mesmo que verificar que há realmente um grande número de pessoas de que gosto muito. Mas os meus natais eram um exercício solitário, passado essencialmente comigo e de mim para os outros.
Este ano, no entanto, a coisa é diferente. Por alguma encantadora manobra do destino aterrei directamente no meio de um grupo de gente adorável que vive o espírito do Natal daquela forma honesta e alegre que apreciamos nos filmes da Disney, onde os milagres e as surpresas agradáveis se sucedem a um ritmo impensável, à mistura com uma música agradabilíssima e comovedora.
E eu, que até este momento suspirava no fim de cada fita e pensava, para com os meus botões, olha, que até era giro viver isto assim, vejo-me agora na dita fita, a planear e alegrar-me com as coisas deste natal à boa e antiga maneira, a falar do Pai Natal e a enfiar prendas em sacos como se fosse a mamã Noël ou coisa assim.
O pior, o grave mesmo, é que ando divertidíssima e não há mal que chegue a afectar-me uma hora inteira, quanto mais um dia ou o mês todo...
Não é obra minha, claro, este espírito natalício que me assaltou assim como quem não quer a coisa. Devo-o a uma pessoa especial, a uma família especial, a um grupo de gente especial. O sorriso que hoje trago comigo é em sua intenção. E eu adoro sorrir, pesem embora as vezes que me esqueço de o fazer.
Este ano é, no entanto, diferente. Este ano a árvore tem sons que me lembram a minha infância, a cozinha voltou a cheirar a canela e a açúcar em caramelo, os armários voltaram a encher-se de presentes-surpresa.
Encanta-me a expectativa espelhada nos olhos das crianças e dos adultos, a cumplicidade, o entusiasmo que sinto à minha volta.
Este ano, os anjos voltaram a descer pela chaminé e eu nem me importo de limpar a sujidade que eles largam na lareira. Virei protagonista de filme-algodão-doce americano e estou a amar cada instante.
Deixem-me, por isso, partilhar convosco um bocadinho da minha alegria e desejar-vos também uma quadra maravilhosa.
FELIZ NATAL, gente bonita!

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